Talvez, cada uma das nossas aflições, cada dor chorada e lamentada exatamente como deve ser produza um salmo no livro da nossa história. Como as aflições de Davi outrora produziram... Cada lamento, uma canção.
E se quisermos canções bonitas, quanto mais tristes, mais belas soarão. Não que a alegria não produza seus frutos de beleza. Não é isso.
Mas é que a dor consegue-o fazer com o mesmo talento, e até melhor... É difícil entender os desígnios de Quem criou essa Dança.
E quando o choro se faz necessário para escrever as palavras, se bem chorado, muito mais se encaixa cada frase em seus parágrafos. Cada golpe, mais uma estrofe; cada dor, um novo acorde. A cada dúvida, um novo tom.
E assim segue a Dança, uma dança que se faz só e não acompanhado. Uma dança num salmo.
Não queríamos, mas o sofrimento nos desperta e dá uma nova sensibilidade ao caráter. Isso não consigo perscrutar, mas é a mais pura verdade.
Só o sofrimento aprofunda os sulcos da alma e a prepara para uma nova plantação.
E a grande surpresa é que não sabemos de que se trata a semente plantada. Só sabemos que é boa; e isso basta para a querermos colher.
Porque somente o sofrimento nos faz lembrar de uma verdade nua e (parece!) banida: não estamos completos.
Não Somos sozinhos. Não podemos.
Nossa alma ainda clama por algo. Que, às vezes, sabemos, e tantas outras não.
De certa forma, o sofrimento nos aproxima de Deus. E pode ter sido isso o que quis dizer o sábio quando proferiu a seguinte frase: ''É melhor ir a casa onde há luto, do que na casa onde há festa''.
Esse texto encheu de alegria a minha alma.
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