Vim compartilhar com vocês uma madrugada dessas em que estive lendo a Bíblia. Li um verso que me fez parar, respirar fundo e, enfim, parar de novo -- e dessa vez para suspirar um pouco, porque são daquelas passagens que te forçam a isso.
No primeiro segundo me veio o raciocínio: ''dá um bom post...'' e logo um sentimento veio à tona e me encobriu, ou diria que me descobriu, me fazendo sentir a carga da nossa situação de ser humano devedor. E aqui estou eu, sendo fiel a vocês na hora de compartilhar o que fui buscar.
Sei que já falei sobre erros neste blog, mas considero este um assunto necessário -- quando se trata de vida, tudo é mais delicado, visto que nos é dada apenas uma.
Mas venha comigo, e entenda minha definição de seriedade enquanto eu lia esse texto:
''Volta, ó desleal Israel, porque assim não farei cair a minha ira sobre ti, porque eu sou compassivo, diz o Senhor(...) e não manterei a minha ira para sempre. Somente reconhece a tua iniquidade, e que desobedeceste ao Senhor, teu Deus, (...) e não deste ouvidos à minha voz, diz o Senhor.'' (Jeremias 3;13).
Bem, imagine só um baú onde dentro dele estejam muitas bugigangas, de todas as espécies. E vamos representar esse baú como sendo ele a sua mente. Claro, se você precisasse apresentá-lo perante a sociedade, todo ele, é certo que tiraria coisas das quais poderia envaidecer-se e se vangloriar de tê-las. Muito bem. Dele você também tiraria algo mediano, digo, uma coisa que não vai fazê-lo esboçar qualquer reação diante das pessoas.
Mas por conseguinte, nele também estariam contidas imagens, cenas, vivenciadas ou não, personagens passados ou não, e que te assombram e que te remetem ao que, definitivamente, não era para estar sendo apresentado em público.
Ora, todos sabemos que isso se encaixa muito bem em qualquer um de nós.
O pecado tem disso. Ele envergonha. E se me permitir... é um bom sinônimo para o pecado: vergonha,
vexame.
Em grego: hamartia: ''errar o alvo, falhar ou dever''.
''Volta!'' já dizia Deus, numa entonação franca direcionada ao povo; não era a qualquer povo, era ao Seu povo.
Voltar de onde, pra onde, a quem?
De onde errou. A quem lhe deu provas significativas de amor: um doce Mestre, que sofreu e triunfou da morte, há mais de 2000 anos.
Errar o alvo é justamente errar o caminho dEle. E quando vamos a um lugar e erramos uma trilha, o melhor a fazer ainda é voltar. A ilha de ''lost'' não é o lugar dos sonhos para você, acredite.
Mas era só isso, voltar? Se você vai voltar é porque reconhece. Todos os que voltaram, também reconheceram. Viram-se andando numa estrada errada, quebrada, esburacada... ah, e o destino dela? adivinha? Dava perto da Cidade Coisa Nenhuma, cruzando a Avenida Nada - número zero - como dizia Vinícius de Moraes. E mesmo que isso possa doer e ferir seu orgulho, é não ser apenas humilde - é ser realista - e reconhecer que vagou perdido, perdendo o tempo que a vida emprestou.
Voltar é reconhecer e só. ''Somente reconhece a tua iniquidade'', moça e moço, homem, mulher, amigo... Somente reconhece.
E o resto, deixa com Ele. Tenho experimentado o que Ele faz após o devido reconhecimento de minhas ex-cargas.
''Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar.'' (Miqueias 7;19)
No amor do Pai,
Camilla Brito.