terça-feira, 28 de agosto de 2012

Quando cansado

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Eu sei, a vida dá muitas voltas. E numa delas, quem sabe, suas emoções podem não estar no melhor lugar do mundo.
É, eu entendo, mas essa não é uma hora pra se descansar. Quando estiver cansado lembre-se de que ainda lhe sobra o fôlego, e isso significa que ainda há esperança ! Definitivamente, ela não morre, enquanto Jesus for toda ela...
Restam estradas, ruas, cidades para serem percorridas, você não pode parar agora, não agora.
Tem tanta coisa pra você conhecer, aquilo mesmo que sempre diz ser seu sonho. Ah, não desiste, porque quem insiste nunca perde tempo, se insiste no que é concreto. Insistir na vida não é perca de tempo.

É, eu sei, mas se hoje não estiver bom, Ele pode fazer melhorar. Num piscar de olhos as coisas vão melhorar, você vai ver, e ficar grato em tudo isso. Nada é por acaso, e se Deus está te ensinando alguma coisa no silêncio, ah, põe a face no chão, e deixa Ele trabalhar!

''Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com os ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu, um Deus além desse Deus, que trabalha em favor daqueles que nele esperam.''   


Isaías 64.4 pra você.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Eu sonhei ...

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Sonhei que havia mais do que hoje existe.
Que poetas eram entendidos, que pessoas mesmo não se conhecendo bem, dispensavam criticar-se mutuamente. Que garotas encontravam amores perfeitos, abraços duradouros, intenções dignas de aplausos sem demagogias. Que casais não se separavamQue cada um de nós era particularmente feliz e só. Que Deus era adorado por todos e as pessoas não se chegavam a Ele somente nas horas de petição.

Sonhei que pessoas más só existiam em estorinhas contadas a noite para crianças que não queriam dormir. Que não havia impureza, deslealdade, traição.
Um mundo sem tudo que há, seria real?

Então acordei, e vi que sonhando, estaria mais segura.


Na Paz do Altíssimo, 

Camilla Brito.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Espere

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E percebendo que quando se espera, circunstâncias mudam porque olhos são abertos e corações tornam-se esperançosos... ainda assim o olhar é todo incompreensão. Talvez olhar pros lados e descobrir que não costumam mais esperar pelo que você tem esperado não seja a injeção de ânimo perfeita.
Mas quem disse que é necessário ver  para esperar?

Ninguém espera o que vê. 
Mas se esperamos o que não vemos, com paciência esperamos. 
É o que diz a canção de Palavrantiga. Esperar, além de confiar, significa isto:


Quando espero a chuva chegar, Tu vens com o teu vento.
Quando espero tua voz estrondar, Tu vens com o silêncio ...

Eu espero em Ti, embora sem saber como Tu dirás.

Eu não sei, mas esperarei.
Quando espero o mar se abrir, vejo os meus pés sobre as águas.

Quando espero o fogo arder, ouço a brisa suave...

Mesmo sem saber como Tu dirás, dentro de mim reinará a Tua paz

que me faz saber que esperar em Ti ... é sempre caminhar.


Não precisa saber o que vem por aí. Se o aguardamos ao norte, sul, leste ou oeste,  Ele criará outra direção porque, sabe ... Deus não alimenta nossa apologia à previsibilidade.
Espere sem saber do futuro, apenas caminhe.



Cristo é Rei. Graça e Paz!


quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Somos como o ano velho por isso tememos o novo – Artur da Távola

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O que estou fazendo com as minhas partes que ficaram paradas?
O que está você fazendo com as suas.
O que estou fazendo para renovar o que há de antigo em mim, tão arraigado que até já o suponho convicção?
O que você está fazendo com o que há de antigo em você, e que talvez se exteriorize com a aparência de ser o mais moderno?

Somos como o ano velho. Como um montão de anos velhos, acumulados. Vivemos a repetir o que já sabemos, o que já experimentamos. Repetimos, também, sentimentos, opiniões, ideias, convicções. Somos uma interminável repetição, com raras aberturas reais e verdadeiras para o novo do qual cada instante está prenhe.
Somos muito mais memória do que aventura.
Somos muito mais eco do que descoberta.
Somos muito mais resíduo do que suspensão.

Somos indissolúveis, pétreos, papel carbono, xerox existencial, copiadores automáticos de experiências já vividas, fotografias em série das mesmas poses vivenciais. Somos um filme parado com a ilusão de movimento. Só acreditamos no que conhecemos. Supomos que conhecer é saber.
O ser humano é feito de tal maneira inseguro que a sua tendência é sempre a de reter as experiências e fazer da vida uma penosa e longa repetição do já vivido. O ser humano adora repetir. Ele precisa repetir, porque não está preparado para o novo de cada momento, para o fluir do Todo na direção da Transformação Permanente. Ele é uma unidade estática e acumuladora, num cosmos mutante e em permanente transformação.

Aceitar a mudança e a transformação é ameaçar tudo o que o homem adquiriu e guarda com avareza, para tentar explicar a realidade e a vida. Mas cada vez que o ser humano usa o instrumental guardado com tanta avareza para explicar o real, este já se transformou e o que antes era eficaz, novo, “descoberta importante”, logo se transformou numa informação parcial, num mero dado da realidade. Esta é sempre mais rica. Está sempre grávida de transcendência.

Aí está o grande dilema: para explicar o real só temos a nossa experiência anterior, mas esta só é válida no momento da sua revelação. Um segundo depois já ficou parcial, relativa, incompleta. Não temos, então, instrumental de aceitação do novo e o que temos fica mais velho e superado a cada aplicação.
Por isso é mais cômodo, fácil e simples para o ser humano cair na repetição do que já é, do que já sabe, do que já viveu. Ele chega a chamar isso de “conhecimento”, quando é, apenas, cristalização de um saber anterior.

Por isso o ser humano tende tanto ao conservadorismo: atingida uma conclusão, montado um sistema de interpretação da realidade, logo o ser humano se aferra a ele (sistema) e, numa extensão, aplica-o a todo o real. Se o sistema é lógico, então, a mente racional se satisfaz e com isso o homem se supõe portador de uma verdade. Aferra-se então a ela, passando a ser um de seus defensores. Cria, a partir da verdade na qual crê e passa a repetir escolas de pensamento, doutrinas, religiões, ideologias, esquemas de interpretação da realidade, correntes, seitas, crenças, opiniões, convicções e até fanatismos.

Cria uma espécie de dependência das próprias verdades. Passa de senhor a escravo. E quanto mais escravidão mental, mais sensação de liberdade.

Sim, somos viciados na próprias crenças, dependentes das próprias verdades, toxicômanos das próprias convicções. E, como ocorre em todas as dependências, precisamos repetir as nossas verdades para que não caiamos no pânico da dúvida, na ameaça da mutação. Inventamos uma pacificação ilusória e grandiloquente. Seu nome: coerência.
Coerência passa a ser grande virtude. “Fulano, conheço-o há trinta anos. Sempre na mesma posição. Tipo coerente está ali!” E assim saudamos a alguém que parou no tempo, que tão logo ganhou uma convicção fechou-se a todas as demais.
Assim nas crenças, assim nas ideias e assim, também, nos sentimentos, nas vontades e nos hábitos. Uma pessoa diz, com orgulho, que há quarenta anos torce pelo mesmo time. Fico a pensar no que ela perdeu de vida, alegria e descoberta nesse tempo todo, de oportunidade de apreciar a qualidade dos demais, a beleza da camisa dos outros, a virtudes dos antagonistas, o estilo dos adversários. No afã de querer a vitória das suas cores, quantas outras vitórias dos outros ela deixou de fazer também suas, quantas alegrias perdeu.
A rigor não sabemos o que estamos fazendo para renovar o que há de antigo em nós. Em geral, nada. Não me refiro ao que há de permanente, pois o ser humano é feito de permanências e provisoriedades. As permanências (ligadas às essências) devem ficar. Mas as provisoriedades que se tornaram antigas, paradas e repetitivas e que ali estão remanescentes por nossa preguiça de examiná-las ou por nossa incapacidade (medo) de removê-las, estas precisam ser revistas, checadas, postas em discussão, em debate e arejamento.
… Criar é manter a vida viva. Criar é ganhar da morte. Morte é tudo o que deixou de ser criado. Criatividade é, pois, um conceito imbricado no de vida. Não há como separar os dois conceitos. Vida é criação e criação é vida. Só criatividade nos dará uma possibilidade de solução para cada desafio novo. As soluções jamais se repetem. Nós é que nos repetimos por medo, comodismo ou burrice. Adoramos repetir, tememos renovar, por isso tanto sofremos.

[TÁVOLA, Artur da - Cada um no meu lugar - Crônicas - Editora Nova Fronteira, 1984, pg.63]