domingo, 29 de julho de 2018

O Eclesiastes é Oposto à Pós-Modernidade

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Se você já o leu, há de convir comigo: o livro de Eclesiastes está repleto de pérolas preciosas de sabedoria pra gente refletir e pôr em prática, pérolas que foram escritas habilmente pelas penas de um rei há três longos e confiáveis milênios. Mas, cá prá nós, elas podem facilmente deixar o homem moderno confuso e um tanto relutante. E digo porque, como leitora do livro, ainda me pego tentando desvendar o que exatamente o rei e sábio filho de Davi queria dizer com aquelas palavras. Dentre os conselhos? Aí vai, então, uma pequena lista deles.

Prontos?

Conselho nº 1. Não é verdadeiramente proveitoso possuir um saldo bancário gordo, uma vida longínqua e cem filhos, se você não souber usufruir disso tudo.

Pois é, segundo o sábio Salomão, saber usufruir de um bom salário e de uma longa vida aqui é, de fato, um dom de Deus. Não é pra qualquer um. E se você não o receber dEle, de nada valerá todas as outras conquistas nessa terra debaixo do sol {Ec. 6:1-6}; No fim das contas, o homem moderno já não poderá se vangloriar de seus feitos como grande criador; pois longe do Criador-mor das coisas, seus trabalhos poderão ser considerados apenas como um grande montão de cinzas incapazes de fazê-lo feliz.

Conselho nº 2. O fim das coisas é melhor que o começo delas.

Salomão ousa, aqui. A lógica humana, mas principalmente a da sociedade atual, glorifica apenas o começo. O nascimento de um bebê é comemorado com festas, a inauguração de uma nova loja recebe chuvas de parabéns e o dia da festa de casamento mais parece um sonho.
Mas nos versos que se seguem ele continua nos expondo: o tolo prefere a casa onde há festa, ao passo que só o sábio quer estar na casa onde há luto.

E adianta: onde há luto, os vivos se dão conta de que vão morrer e, assim, têm chances de mudar de conduta enquanto há tempo. Lá vem mais conselhos.

Conselho nº 3. ''Pelo menos uma coisa boa há em tudo isso: vale a pena o homem comer e beber, aceitar o seu lugar na vida e aproveitar tudo o que conseguir com o seu trabalho debaixo do sol''. {Ec 5:18}

O que me chama a atenção aqui é precisamente o ''aceitar o seu lugar na vida''. E que lugar é esse?
Bem, cada um de nós deve descobri-lo, eu creio. E não almejar tantas riquezas porque, segundo o sábio, isso é correr atrás do vento! No entanto, o discurso mais repetido pelos coachs de carreira ainda hoje é: corra, faça, aja, ganhe e tenha, por isso, talvez, Salomão, um velho de três mil anos, ainda revolucionasse em 2018.

Conselho nº 4. E aqui vai mais um de seus conselhos: não se esforce muito para ser bom ou sábio demais!

Bem, isso parece contraditório vindo de um sábio, mas ao mesmo tempo, pare e pense: quem teria mais autoridade que ele para refutá-lo? 😂 Ele também adverte: não seja muito mau ou tolo. Isso te faria morrer antes da hora.


Conselho nº 5. Pra finalizar a lista dos segredos milenares para uma vida equilibrada, Salomão dá um conselho que considero o mais impactante para mim. ''Veja como Deus faz as coisas e procure se adaptar a elas. Não adianta lutar contra as leis da natureza''. {Ec. 7:13}

Essa é a tradução da Nova Bíblia Viva, e considero bastante forte e eficaz. Veja bem, pra que lutar contra a natureza? Aceite como Deus fez as coisas que fez e se adapte. Seja flexível à vontade dEle e não queira moldá-la a seu bel-prazer. Afinal, quem é a criatura para lutar com o Criador?

Esses são segredinhos que contribuem para a felicidade e sanidade mental dos ouvintes pós-modernos. E nem são tão segredinhos assim.

No mais, encerro por hoje os conselhos do bom e velho sábio Salomão. Se eu fosse você, não trocaria elas por livro de auto-ajuda nenhum. Esse mundão está aí, contraditório e triste, e parece querer, a todo custo, te mostrar que essas palavras continuam bem vivas ainda hoje. :)

Fiquem firmes e na paz de Cristo!

Com amor,
Camilla de Brito.



domingo, 20 de maio de 2018

Você Não é Justo, Mas é Como Se Fosse

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Eu sei que esse título parece um pouco confuso. Mas acredite, ele é tão aplicável a você e a mim quanto essas vírgulas que uso no texto. Vamos falar da sua justiça, da sua retidão e bondade, do quanto você é forte e experiente o bastante para salvar a si mesmo... ok? Calma aí, você é tudo isso mesmo?

Sabe, vivenciar a experiência do perdão de Deus tem que ser algo verdadeiramente libertador. Ser perdoado é como poder ver (e sentir) milhares de grilhões, simultaneamente, indo ao chão, e você, finalmente, livre daquele insuportável e fatigante carga da culpa! Não é maravilhoso pra você?

Só quem se viu pecador pode mensurar o valor disso tudo.

Mas deixa eu te dizer uma coisa muito importante? Você não é perdoado porque cumpre os pré-requisitos necessários para isso. Porque és bonzinho o bastante. Não. Você não é bom o suficiente, eu te garanto.

E ainda que pense que sim, que consegue obedecer a todos os mandamentos e leis de Deus à risca, vem aqui comigo mais abaixo no texto, e depois me diz se você pode mesmo.

Na verdade, eu te desestimulo assim como faziam os antigos apóstolos que se encontravam com o Cristo:

‘’A questão, porém, é esta: Quando procuramos ganhar a bênção e a salvação de Deus, guardando a Lei, terminamos sempre debaixo de sua ira, porque falhamos sempre em guardá-la. O único jeito de podermos evitar a quebra da sua Lei é não termos nenhuma para quebrar!’’.

Eu não poderia ter disso isso tão perfeitamente como Paulo na sua carta aos Romanos no capítulo 4 e versículo 15, e acho que você também não.

Não há jeito de isso acontecer, querido leitor, isto é, de você ter uma justiça própria, e foi exatamente por isso que Jesus Cristo tomou uma forma humana e resignou-se de sua estatura; andou, comeu e se vestiu como um de nós. Ele se comprometeu, nos compreendeu e morreu por nossas maldades e loucuras. E fez isso para que existisse uma saída para nós. Ele foi até às últimas consequências e cumpriu o plano do Pai por obediência, sem nunca ter cometido um pecado.

E você ainda tem coragem de dizer que é um homem justo? Por que Cristo morreria por você, então, meu caro amigo leitor? Convenhamos! Ponha os pés no chão, e ouça mais uma vez o que diziam os antigos, aqueles que vieram muito antes de você.

O homem que mais confiava em seus atos de justiça e fidelidade chegou a uma compreensão diferente da sua quando confrontado com a verdade da Cruz.

Saulo de Tarso era judeu, de uma boa linhagem, fazia boas obras, praticava os rituais no templo, era respeitado no meio de Israel e foi instruído aos pés do maior mestre judaico de seu tempo. Tudo isso que a gente admira até hoje. Foi uma existência tentando se bastar pelo que fazia.

Um certo dia, (que belo dia!), ele percebeu o que bastava.

Ele experimentou tratar com a verdadeira Justiça que Deus impunha aos homens.

E foi amorosamente forçado por sua consciência a confessar o seguinte:
‘’Eu pus de lado tudo o mais, achando que valia menos do que nada, a fim de poder ganhar a Cristo, e tornar-me um com ele, não contando mais em salvar-me por ser suficientemente bom ou por obedecer às leis de Deus, mas pela fé em Cristo como meu Salvador; porque a maneira de Deus nos fazer justos diante dele se baseia na fé.’’¹

Diferentemente do que era antes, Paulo aprendeu mais do que uma lição da Torá. Ele humilhou suas próprias ideias quando proferiu essas palavras.

Ele exaltou a verdade Divina ao crer que sua bondade e obras não bastariam para entrar na Vida Eterna que Deus havia prometido.

A última frase ‘’porque a maneira de Deus nos fazer justos diante dele se baseia na fé’’ deveria ecoar na sua mente agora. Porque ela é poderosa o suficiente para fazer do caos que se instala em seu peito, um mar calmo e sereno, cheio de tranquilidade e convicção. E muito mais do que isso, pode te salvar.

Uma verdade libertadora, querido leitor! E isso me deixa a pessoa mais feliz e realizada desse globo terra. Depender de minhas próprias obras seria pesado demais pra mim. Pra você também, creia.

Você não se salvou em nenhum lugar na história por seus méritos. Você nunca será digno. Mas o amor que Deus teve para com você fez com que Ele enviasse o seu perfeito Filho para morrer pelos seus pecados.

Ele te deu uma nova possibilidade: a de lutar contra você mesmo.

Portanto, nunca esqueça: Você realmente não é justo. Você realmente não pode cumprir a lei sem falhar, embora os verdadeiros salvos se esforcem por isso.

Você realmente é incapaz; e era pra ser assim mesmo, a fim de que isso não te elevasse às alturas indevidas e satânicas da soberba.

Mas Deus escolheu te tratar como se fosse justo através da fé em Seu Filho Jesus.
Alegre-se nisso! Porque essa é, sem dúvida nenhuma, a verdade mais preciosa dos últimos tempos. <3



Nota do texto:
¹ Filipenses 3:8b-9

domingo, 29 de abril de 2018

Relendo as Graças

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Hoje eu andava procurando nas minhas bagunças um textinho pra postar pra vocês.
É, eu tenho alguns cadernos, agendas, folhas soltas e também uso o Evernote para registrar alguns pensamentos que insistem em ser escritos. Costumo aproveitá-los para enviar aqui neste blog a fim de compartilhá-los com vocês. 
Dessa vez, eu encontrei uns escritos de dois mil e lá vai o trem.. Não que sejam assim tão velhos. Não. Digamos que seja um assunto que pertence ao passado (e graças a Deus! rs).

O texto se tratava de algo que eu pedia a Deus. Coisas importantes, que têm um real significado pra minha vida. E o mais engraçado é que eu especifiquei exatamente como era que eu queria aquilo.

E cara... eu não tenho memória em minha vida de haver recebido algo tão idêntico ao que pedi pra Deus, como o que eu recebi por resposta àquela oração em carta. 

Esse texto pode não ser assim um dos mais importantes no blog pra você.
Mas eu fiquei mesmo embasbacada, olhando para o texto, sentindo outra vez a ânsia que senti enquanto o escrevia e comparando com o que vivo e tenho hoje. A sensação é indescritível e todo o mundo deveria experimentar.

É um misto de felicidade com sentir-se cuidada, sabe?

De conseguir perceber, na prática, que as coisas que você pede não são esquecidas. Nenhuma delas. E que elas não são importantes só para você.

Perceber que você não serve a mais um Deus entre tantos outros deuses, e que alguém não mede esforços para conceder o que você realmente precisa... isso não tem preço!
Essa é basicamente a sensação. 

E sabe, tenho aprendido que pra vida acontecer é necessário esforço. Que o trabalho e a disciplina são fases que não dão pra pular entre o que se tem e o que se quer.
Mas esse não é o assunto do post de hoje. Aqui estou falando da graça que é receber a resposta de um pedido em oração. Nada mais.

E tem dias que você precisa, mais do que nunca, lembrar-se disso. De que o sofrimento tem um propósito, e não é o de te esmagar até o último segundo da sua morte, ou te tornar mais um coitadinho sofredor no meio de tantos.

Têm dias em que tudo o que você precisa é reler algo assim. Reler algo de sua própria vida, que pode te mostrar que, se aconteceram no passado, quem disse que as barreiras, perguntas ou os pedidos de hoje e de amanhã não serão demolidas, respondidas, e ouvidos igualmente?

Alguém se importa. E, durante alguns dias, é suficiente saber dessas coisas.

E lembrem-se disto:

''E esta é a confiança quando estamos na presença de Deus: que ele nos ouvirá todas as vezes que lhe pedirmos alguma coisa que esteja de acordo com sua vontade. E se nós realmente sabemos que ele está ouvindo quando falamos com ele e fazemos os nossos pedidos, então podemos ter a certeza de que ele nos responderá.'' I Carta de João 5:14



domingo, 22 de abril de 2018

O autoengano nosso de cada dia

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Sabe, acho que uma das situações mais comuns de se observar no cotidiano é a capacidade que algumas pessoas têm de autoenganar-se.
E eu me refiro àquele comportamento que faz alguém se esforçar o máximo para deixar intocável a ideia que faz de si mesmo ou de alguma coisa, entende? Mas faz tudo isso às custas de uma frenética negação da realidade.

A situação mais comum --  e mais triste também, se você, como eu, realmente não curte ver as pessoas se contradizendo a cada segundo -- é a do sujeito que pensa que faz algo perfeitamente bem, mas na verdade não faz tanto assim. Diz que é A mas age X, que manda e desmanda, mas a gente sabe que é um só mais um. E cá pra nós, não tem nada de errado em ser um. Mas que sejamos com dignidade, não é mesmo?

Eu aprendi a identificar pessoas assim. Não estou me excluindo desse autoengano nosso de cada dia, muito pelo contrário. Todo o mundo se engana, nem que seja um pouquinho. Quer para não ferir demais o próprio ego, quer para se gabar um tanto. O perigo reside em quando, de tanto negar a própria realidade, a pessoa se perde no próprio personagem que criou pra si e pros outros.

Existem algumas formas de não cairmos nesse rito infeliz do autoengano. Vou listar as 3 que encontrei:

1 - Precisa amar mais do que nunca o Criador para decidir não idolatrar seu ego, que é o que te impede de ver a verdade. Você precisa de uma motivação forte para não querer se enganar. Conhecer seu propósito, a importância da vida, sua história e o que está fazendo aqui para, só assim, abrir mão de viver uma vida de mentiras a si mesmo;

2- Uma vez eu escrevi aqui no blog sobre erros que a gente comete, mas não percebe. Isso acontece porque, de tão enraizados pelo hábito, não os alcançamos. Somente um observador poderia identificá-los por nós. Foi quando lembrei de um versículo em que o Salmista Davi pediu a Deus que o livrasse dos erros que ele mesmo já não podia identificar. Essa é uma boa oração pra se fazer. Sincera e eficaz;

3 - Por último, dizem que não devemos levar em consideração a opinião alheia, mas esse senso comum propagado como um conselho de autojuda, na verdade, pode estar errado. A opinião do outro pode muito bem relatar algo que ainda não conseguimos enxergar sobre nós. Um dia desses minha irmã vestiu uma das minhas blusas que uso para trabalhar, e finalmente eu percebi uma coisa: como aquela blusa era feia! como eu andava com aquilo? Minha mãe tentou me avisar antes, mas achava que não. Só percebi quando a vi em outra pessoa.
O olhar do outro nem sempre está ali para te fuzilar. Às vezes, ele só quer te alertar, mesmo.

E você, como lida com seu autoengano?


Na paz de Cristo,

Camilla.